quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Meu despertar sexual

 O dia que eu descobri um anjo


Troca de olhares

Toque suave

Desejo proibido

Respiração profunda

Eu estava em transe


Alguma parte de mim conseguia enxergar. 

Conseguia enxergar para além daquele prazer. 

Conseguia enxergar para além daquela criatura. 

Conseguia enxergar para além das estrelas.

Conseguia enxergar aquele ser. 


E de além das estrelas algo me puxava, me atraia. 

Minha alma queria sair do meu corpo e se unificar com aquilo.

Eu sentia minha alma em atrito com aquilo que eu não podia tocar com minhas mãos.

Eu queria jogar meu corpo naquele abismo,

me deixar dissolver naquele infinito, 

porém nenhum corpo alcança aquilo que só a alma consegue tocar.


O mais próximo que eu conseguia chegar do meu desejo, 

A única forma de manifestar a minha atração, 

Era tocando aquela criatura, 

Olhando naqueles olhos, 

Em êxtase.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Amor perfeito

 La primera etapa del amor perfecto consiste, para el amante, en olvidar al Amado. 
El amante, en efecto, tiene tratos con el amor pero, ¿qué tratos puede mantener 
con el Amado? Busca el amor y su vida depende del amor; si es privado de él, 
morirá. En ese estado, puede llegar a olvidarlo y el momento puede surgir cuando 
el amante languidece y desfallece bajo los efectos del amor. Entonces dejará de 
experimentar alegría en la unión o desesperación en la separación y entregará 
cuerpo y alma al amor. 

Como tú, solo busco amor en el mundo; 
poco me importa estar unido o separado. 
No hay remanso en mi vida sin amor por ti, 
y si quieres dame unión o distancia.
(Al Ghazali) 

Trecho do Ayn Al Quzat do Yusuf Hamadani

terça-feira, 2 de maio de 2023

Saudade profunda

 A ÚNICA CERTEZA DO AMOR:

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

~Clarice Lispector

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Irmandade

"Esta irmandade 
não tem nada a ver com ser elevado ou baixo, 
esperto ou ignorante.
Não existe uma assembléia especial, nem um grande discurso, 
nem se requer nenhum curso anterior. 
Esta irmandade se parece mais com uma festa de bêbados 
cheia de trapaceiros, tolos, charlatões e loucos. 

Não sou deste mundo e nem do próximo; 
Nem do céu, nem do inferno. 
Não vim de Adão nem de Eva; 
Não moro no Éden nem nos jardins do paraíso; 
Meu lugar é um não lugar, minhas pegadas não deixam marca. 
Nada é meu, nem corpo nem alma. 
Tudo pertence ao coração do meu Amado. 
Eu desvesti todas as diferenças, 
E agora vejo os dois mundos como um."

Autor desconhecido

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Tempo Lugar e Pessoa

O TEMPO, O LUGAR E AS PESSOAS

Em tempos remotos houve um rei que um dia chamou um dervixe à sua presença e lhe disse:

"O Caminho dervixe, por meio de uma linhagem de mestres que remonta em sucessão ininterrupta aos primórdios da humanidade, sempre propiciou a luz que tem sido a causa inspiradora dos verdadeiros valores, dos quais meu reinado nada mais é do que um pálido reflexo."

O dervixe respondeu: "Assim é."

"Agora", disse o rei, "já que sou tão esclarecido a ponto de conhecer os fatos que acabo de citar, ávido e desejoso de aprender as verdades que você, com sua superior sabedoria pode tornar acessíveis... ensine-me!"

"Isso é uma ordem ou um pedido?", perguntou o dervixe. "

"É o que você quiser considerar", disse o rei, "pois, se funcionar como uma ordem, aprenderei. Se operar com sucesso como um pedido, aprenderei também." 

E esperou que o dervixe falasse.

Vários minutos se passaram. Finalmente o dervixe ergueu a cabeça, deixando a atitude de contemplação, e disse: "É preciso aguardar o 'momento da transmissão'."

Isso confundiu o rei, pois afinal, se queria aprender, sentia que tinha o direito que lhe dissessem, ou mostrassem, alguma coisa. 

O dervixe se retirou da corte. Depois disso, dia após dia, o dervixe continuou servindo ao rei. E, dia após dia, os assuntos de Estado eram tratados, o reino atravessava períodos de alegria e de provação, os conselheiros de Estado aconselhavam, a roda dos céus girava. 

"O dervixe vem aqui todos os dias", pensava o rei, a cada vez que avistava aquela figura num manto de retalhos, "e no entanto nunca se refere àquela nossa conversa sobre aprendizagem.  É verdade que participa de diversas atividades da corte, conversa e ri, come e, sem dúvida, dorme. Será que está aguardando alguma espécie de sinal?". Mas, por mais que que tentasse, o rei era incapaz de acessar as profundezas daquele mistério

Finalmente, quando a devida onda do invisível cobriu costa da possibilidade, uma conversa acontecia na corte. Alguém dizia: "Daud de Sahil é o maior cantor do mundo." 

E o rei, embora não se interessasse normalmente por esse tipo de assunto, sentiu um forte desejo de ouvir esse cantor. 

"Que seja trazido à minha presença", ordenou.

O mestre de cerimônias foi enviado à casa do cantor, mas Daud, monarca entre os cantores, simplesmente respondeu: "Esse seu rei conhece pouco acerca dos requisitos do canto. Se me quer apenas para olhar para a minha cara, irei. Mas, se quer me ouvir cantar, terá que esperar, como todo mundo, até que eu esteja no estado de ânimo correto para fazê-lo. É o fato de saber quando me apresentar e quando não que me transformou, como transformaria qualquer asno que conhecesse o segredo, num grande cantor."

Quando essa mensagem foi levada ao rei, ele sentiu alternadamente ira e desejo, e desafiou: "Não há ninguém aqui que force esse homem a cantar para mim? Pois, se ele só canta quando seu ânimo permite, eu, por minha vez, quero ouvi-lo enquanto ainda tenho vontade de ouvi-lo."

Foi aí que o dervixe deu um passo à frente e disse: 

"Pavão desta era, venha comigo visitar esse cantor."

Os cortesãos se cutucaram. Alguns pensavam que o dervixe vinha fazendo um jogo subterrâneo e agora estava apostando que faria o cantor se apresentar. Se conseguisse, o rei certamente o recompensaria. Mas permaneceram em silêncio, temendo um possível confronto.

Sem dizer uma palavra, o rei se levantou e ordenou que lhe trouxessem uma roupa bem modesta. Após vesti-la, seguiu o dervixe pelas ruas. 

O rei disfarçado e seu guia logo chegaram à casa do cantor. Quando bateram à porta, Daud advertiu:

"Não cantarei hoje; portanto, vão embora e me deixem em paz."

Ao ouvir isso, o dervixe se sentou no chão e começou a cantar. Cantou a música favorita de Daud, inteirinha, do começo ao fim.

O rei, que não era um grande conhecedor. ficou muito tocado com a canção, e sua atenção foi atraída pela suavidade da voz do dervixe. Ele não sabia que o dervixe havia, de propósito, cantado a canção ligeiramente desafinada para despertar no coração do mestre-cantor o desejo de corrigi-lo.

"Por favor, por favor, cante novamente" , suplicou o rei, "pois nunca ouvi melodia tão doce."

Mas, nesse momento, o próprio Daud começou a cantar. Ao ouvirem as primeiras notas, o dervixe e o rei ficaram paralisados, e sua atenção se fixou nelas à medida que jorravam impecavelmente da garganta do rouxinol de Sahil.

Quando a canção terminou, o rei enviou um generoso presente a Daud. Ao dervixe, ele disse: "Homem de Sabedoria! Admiro sua habilidade em provocar o Rouxinol para que cantasse, e gostaria de fazê-lo conselheiro na corte."

Mas o dervixe simplesmente disse: "Majestade, poderá escutar a canção que deseja somente se houver um cantor, se estiver presente e se houver alguém que estabeleça o canal execução da melodia. Assim é com mestres-cantores e reis, e da mesma forma com dervixes e seus discípulos. O tempo, o lugar, as pessoas e as habilidades."


O embate entre os sufis e o escolástico comum se manifesta fortemente na premissa de que as ideias sufis só podem ser estuda das de acordo com certos princípios, e estes incluem tempo, lugar e pessoas.

Os acadêmicos demandam comprovação das alegações sufis nos seus próprios termos. Muitas histórias sufis, como esta, lustram que os sufis apenas reivindicam uma oportunidade igual de preparar as condições às requeridas por acadêmicos ou cientistas.

Esta historia faz parte dos ensinamentos do Sayed Imam Al Shah, que faleceu em 1860 e cujo santuário se encontra em Gurdaspur, na Índia.

Esse conhecido mestre Naqshbandi era frequentemente importunado por aspirantes a discpulo, de todas as origens e crenças devido ao estranho fenômeno psi constantemente atribuído a ele. As pessoas diziam que ele lhes aparecia em sonhos, dando-lhes informações importantes; que era visto em vários lugares ao mesmo tempo, que tudo o que dizia acabava tendo alguma aplicação em beneficio do seu interlocutor. Mas, quando estavam face a face com ele, as pessoas não encontravam nada de sobrenatural ou fora do comum nele.

Retirado do livro "Histórias dos Dervixes"

domingo, 25 de setembro de 2022

Orgasmo Sideral

Estou subindo aos céus
Seu olhar me fez levitar
Seu sonido me fez gozar
Sua chama me fez purificado
E agora subo aos céus
Em êxtase

Me junto às estrelas, minhas irmãs
Me masturbo entre as estrelas
Sou penetrado pelos raios do sol
Acaricio a luz da lua
Troco olhares profundos com Vênus
Sou uma verdadeira puta

Agora adentro buracos negros
Por entre galáxias e nebulosas

O Big Bang está atingindo o orgasmo
O infinito explode em tesão
Espalhando orgasmos cósmicos
Que afetam toda a criação
Agora todos gemem de prazer
Prazer por existir!

Atravesso o tempo
Atravesso o espaço
Atravesso os universos
Atravesso as dimensões
Atravesso os planos
Atravesso as realidades
Espalhando orgasmos

E agora que eu chego ao Não-Lugar
Onde encontro a eternidade
Eu me sento em silêncio contemplativo
Como um pássaro que retorna ao ninho

O brilho de uma prostituta

Eu quero brilhar!
Quero brilhar!
Quero brilhar em sensualidade e liberdade!
Explodir em luzes reluzentes multicoloridas!

Soltarei as estrelas que estão presas dentro de mim
Vibrando em alta frequência
Em êxtase
Orgásmicas

O meu tesão é paixão
Meu fetiche é amor
Meu gozo o universo

Os anjos e os demônios dançam comigo
Toda a humanidade festeja comigo
A luz e a escuridão me cortejam nessa caminhada
Por essa via cintilante

Agora, ao final de minha jornada
Encontro-me com meu criador
Me dispo na presença de meu Deus

Tiro minhas vestes
Resta meu corpo
Tiro meu corpo
Resta meu ego
Tiro meu ego
Resta minha alma
Tiro minha alma
Resta meu espírito
Tiro meu espírito
Ainda resta Eu
Tiro Eu

Agora sim temos Nós

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Yuri (Trad.: O Lírio)

Esse é um canto do Yasunari Kawabata, autor japonês que inclusive ganhou o prêmio Nobel da literatura! O título em japonês do conto é "Yuri" (o mesmo que meu nome :D). Em japonês, Yuri significa Lírio, assim o nome da personagem principal (Yuriko) também significa Lírio, e meu nome também significa Lírio hehe 

Eu gosto muito desse conto pois me identifico bastante com a personagem :) Além do fato que o título é meu nome né! haha

O lírio (Yuri, 1927)

Quando era estudante da escola primária, Yuriko pensava: "Sinto tanta pena de Umeko. Ela usa lápis mais curtos do que seu polegar e carrega a velha pasta escolar do seu irmão mais velho."

Então, com vontade de ter os mesmos objetos da sua melhor amiga, ela cortou os lápis compridos em pequenos pedaços, usando uma serrinha que estava presa junto ao canivete; e, como não tinha um irmão mais velho, chorou e pediu aos pais que lhe comprassem uma pasta do tipo usada por garotos.

Quando estava no colégio feminino, ela pensava: "Como Matsuko é bonita! Tão bonitinhos os lóbulos das suas orelhas e as pontas dos dedos das mãos que, por causa da frieira, ficam avermelhados."

Então, com vontade de ficar igual a sua melhor amiga, ela colocava as mãos na água gelada de uma bacia, mantendo-as imersas por longo tempo, e ia ao colégio com as orelhas molhadas, expondo-as ao frio vento matinal.

Quando concluiu o colegial e casou, Yuriko passou a amar o marido cegamente, como era de se esperar, com todo o amor de que era capaz. Com vontade de ficar igual à pessoa que ela mais amava, queria fazer tudo como ele fazia: cortar o cabelo curto, usar óculos de grau forte, barba e cachimbo de marinheiro na boca, tratar o marido por "Ei, você!", andar com passos largos e garbosos e se alistar no Exército. Contudo, para sua surpresa, o marido não permitiu que ela fizesse nada disso. Reclamou por ela usar o mesmo tipo de camiseta que ele. Fez uma expressão de desagrado por ela não se maquiar como ele gostaria. Ela começou a se sentir presa, de mãos e pés atados, e seu amor foi enfraquecendo aos poucos, como uma planta cujos brotos tivessem sido arrancados.

"Como ele é desagradável! Por que não deixa que eu fique como ele? É triste demais ter que ser diferente de quem eu amo." Ela pensava.

Assim, Yuriko passou a amar a Deus. Ela orava: 

-Ó Deus! Mostre-me sua face, por favor. Mostre-me de alguma maneira. Quero ter a mesma aparência do Senhor Deus, meu amado, e fazer as mesmas coisas.

A voz de Deus ecoou, refrescante, do alto do céu:

- Tu te tornarás uma flor de lírio. Como a flor de lírio, nada amarás. Como a flor de lírio, amarás todos e tudo. 


- Sim, Senhor! respondeu docilmente, e tornou-se uma flor de lírio.

domingo, 10 de julho de 2022

Muito amor

''Você tem dentro de você mais amor do que você jamais poderia entender.''

-Rumi

Bêbado de amor

"O amante está sempre bêbado com o amor.
Ele é louco, ela é livre.
Ele canta com prazer, ela dança com êxtase.
Presos por nossos próprios pensamentos nós nos preocupamos com tudo.
Mas uma vez que ficamos bêbados nesse amor
Tudo o que será, será!"

J. Rumi

fogo do amor

 O FOGO DO AMOR

“Este é o fogo do amor que purifica,
diferente quando quer que ocorra,
que cauteriza a medula e incandesce o caroço.
O minério separa-se da matriz, e o Homem Aperfeiçoado emerge,
de modo tão alterado, que cada aspecto de sua vida se enobrece.
Ele não foi modificado no sentido de tornar-se diferente;
mas ficou completo,
e isso faz com que seja considerado poderoso dentre os homens.
Cada fibra foi purificada,
alçada a um estado mais alto,
vibra ao som de uma melodia mais elevada,
emite uma nota mais direta, mais penetrante,
atrai a afinidade no homem e na mulher,
é mais amado e mais odiado;
partilha de um destino, de uma porção,
infinitamente confiante e reconhecido,
indiferente às coisas que o abalavam
enquanto perseguia a mera sombra da qual esta é a substância,
por mais sublime que possa ter sido a experiência anterior” .

(ADIL ALIMI)